Ela havia se separado a pouco tempo, não estava em busca de um novo relacionamento, sua cabeça estava voltada somente em se organizar, organizar seu novo espaço, sua nova casa, sua nova vida; aquele antigo relacionamento ha muito não fazia bem, ela esperou, tentou por ela, pelo filho, pela família, mas, enfim tinha chegado o momento e a coragem definitiva, ela foi embora e estava agora em uma casa de quatro pequenos cômodos; dois quartos, uma cozinha, uma sala, um grande quintal, e uma energia limpa pra se começar tudo de novo.
Catarina estava confiante, a tralha estava espalhada pelos pequenos cômodos, o filho estava com a mãe, e ela tinha todo o tempo da folga daquela sexta feira pra colocar tudo em seu devido lugar. Começou pelo seu quarto, instalou com destreza o papel de parede que havia comprado via internet por um site da China e pendurou na parede como cabeceira de cama alguns quadros que colecionava ao longo de sua vida, havia levado consigo a comoda antiga e o guarda roupa pés palito que tanto gostava, esses ja estavam acomodados em seu devido lugar, o quarto cheirava a tinta fresca, deitou sobre a cama uma colcha florida e acomodou suas roupas em seus devidos lugares.
Passou rapidamente para o quarto do filho, instalou prateleiras, organizou brinquedos, verificou se a tv e o video game funcionavam corretamente, passou pela cozinha, achou melhor usar o balcão que dividia a cozinha da sala para por o aquario que havia comprado qdo estava casada, acomodou o sofa, verificou se a sala ficava confortavel com a luz do abajour, checou o melhor local pra se colocar um vaso de plantas e se deu o direito de tomar um longo banho, ha muito desejado.
Sentiu-se em paz, como ha muito tempo não sentia, estava com medo, afinal, foram 15 anos vividos com Daniel. Catarina estava com 35 anos, um filho, uma nova casa, uma nova vida.
No banho, pensou em como conseguiria organizar o quintal, pensou em instalar uma piscina de fibra, fazer uma pequena churrasqueira, uma horta, aproveitaria a jaboticabeira que ja estava plantada lá e colocaria uma mesa de cimento e bancos pra aproveitar a sombra, mas, não teria dinheiro suficiente para a mão de obra, pensou em diversas soluções, chamaria seu pai, seus primos, nenhum teria disponibilidade pra fazer tamanho serviço sem cobrar nada, seu pai estava em idade avançada. Já no quarto, secando o corpo, lembrou-se de um colega de trabalho, Carlos, moreno, olhos escuros, meio puxados, costas largas, braços fortes, acostumado com serviço braçal, e trocaria tranquilamente seus serviços por um fardinho de cerveja.
Já era tarde, Catarina decidiu parar de pensar em tudo e foi buscar seu filho, Carlos não saiu de sua cabeça.
O final de semana passou rapidamente, Catarina e seu filho João se acomodaram na nova casa e encararam sua nova vida. Daniel buscou João pra um passeio rápido, devolvendo o menino 2 horas depois, Catarina, pediu para que Daniel entrasse pra se organizarem em relação a pensão e responsabilidades em relação a criança, ela não queria estipular horários, achava melhor que os dois mantivessem a guarda compartilhada para que o pequeno João não se sentisse responsável pela separação dos dois.
Daniel, pensou que Catarina o estava cortejando e imaginou que ja havia se arrependido da decisão tomada, olhou pra ela com o olhar de soberba e com um sorriso no canto da boca que demonstrava seus desejos.
- Vc pega João na escola e eu o levo, tudo bem pra vc? Indagou Catarina
Daniel concordou imediatamente, percebeu naquele momento que Catarina estava certa de sua decisão, resolveu que iria concordar com tudo que seria proposto, na esperança que Catarina voltasse na sua decisão.
- Um fim de semana ele fica com vc, no outro comigo, exceto qdo ele preferir ficar com um ou outro...vc assume os gastos com a escola, o plano de saúde, o clube, o restante eu assumo, td bem pra vc?
Daniel acenou positivamente com a cabeça, se levantou...
-Amanhã eu o pego na escola, Tchau filho, ate amanhã!
Catarina acompanhou-o ate o portão, aproveitou, passou o cadeado, brincou com João um pouco e foram dormir.
